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sexta-feira, 12 de junho de 2015

Nascer bem

Este é um verbo complicado...
Aliado às recentes "polémicas" associadas ao como nascer...
Parte das polémicas começaram quando se ouviu falar da reportagem que ia dar na SIC (que entretanto já deu) - "No tempo das cesarinas"

Muitas criticas podem ser lidas à reportagem e aos supostos fundamentalismos e tendencias apresentadas no blog Cocó na Fralda...

Não achei que a reportagem fosse tendenciosa, nem fundamentalista, apresentava as 2 faces da moeda...

O que vou falar, é apenas da minha experiência e do que eu vivi... do que me passou cabeça, o que pensei, e o que penso hoje, a forma como vejo as coisas e como olho para trás...

Aquando da minha primeira gravidez, quando passei as 30 semanas já só pensava no que ia ser o parto, como seria, onde seria e com quem...

Até às 15 semanas tinha sido seguida exclusivamente no publico, a partir daí fui também seguida no privado.

Quer no publico quer no privado me disseram que, em condições normais, um parto normal seria sempre preferível, uma cesariana apenas se necessário...

Com o aproximar das 39 semanas, foi falado com o médico ir ao Hospital, e foi assim que a MC veio ao mundo... parto induzido, pois eu também queria te-la nos meus braços, e para mim, parto era parto... Ela nasceu... Nasceu saudável... Não me custou...
Foi uma indução, levei epidural "porque em algum ponto devia começar a doer", e até ter levado os pontos não senti qualquer dor...
O Marido esteve sempre presente e foi uma boa companhia...

Na segunda gravidez continuei a ser seguida quer no publico, quer no privado... A preferência para o parto estava para o privado, pois do tanto que se falava em cortes no publico acabavam por assustar um bocadinho... Queria que o meu marido estivesse comigo no momento do nascimento, por isso marcamos indução, estava tudo marcado, mas o JP decidiu que aquela data não estava bem para ele, e deu sinais de querer sair 2 dias antes.
Liguei ao médico e ele disse-me para ir para o hospital (privado) que ia lá ter... Eu ia no caminho para o hospital a achar que estava a tirar o médico de fim de semana por um falso alarme... Ele não imaginou que estivesse tão adiantado (e eu ainda menos... tinha jantar de bifanas marcado, e achava mesmo que era falso alarme). No caminho ele ligou à parteira para lá ir...

Quando cheguei ao hospital, a recepcionista, meia em panico chamou as enfermeiras que estavam na urgência e levaram-me para dentro... As enfermeiras entraram em panico, não sabiam o que fazer... não eram de obstetrícia, nunca tinham assistido a um parto... 10 a 15 minutos depois de ter chegado e de estar a acalmar as enfermeiras, chegou a parteira, que me fez o toque e de seguida ligou ao médico em que só disse "Dilatação total", ligou para a recepção para que o pediatra descesse, 10 minutos depois nasceu o JP, entretanto chegou o anestesista e o médico... Não houve epidural... Não me lembro de me ter custado muito, apesar de o meu marido me dizer que me torci bastante 2 ou 3 vezes (o que equivale a 2 ou 3 contrações)...

O JP nasceu, chorou, esteve uns instantes em cima de mim, depois levaram-no, disseram ao meu marido que tinha que ser aspirado e depois de medido, pesado, aspirado foi para debaixo de uma lampada para aquecer e deram-lhe leite de formula no biberão... Entretanto coseram-me e fiquei sozinha na sala de parto, ninguém me disse nada... cerca de uma hora depois (não sei se foi bem uma hora, ou mais ou menos...) levaram-me para o quarto e aí sim, estive com o meu bebé...

Este compasso de espera e o biberão de leite de fórmula foram as coisas que menos gostei neste segundo parto... O pânico das enfermeiras podia ter influenciado negativamente aqueles 20 minutos entre a chegada e o nascimento... a sorte é que eu já sabia ao que ia, o meu corpo fez o que devia fazer... a minha mente não se deixou abalar...

A minha recuperação do 2º parto foi melhor que do primeiro, principalmente nos primeiros dias...

Faria algo diferente?
O que fiz, o que decidi foi o melhor de acordo com a informação que tinha na altura de cada um...
Se pudesse voltar atras e alterar alguma coisa, alterava apenas o local do 2º parto... Apesar de a nível de estadia e conforto não se puder comparar publico com privado (no meu caso em concreto o privado tinha muito melhores condições), se tivesse ido para o publico teria uma equipa para me receber, com experiência... e neste caso em concreto isso não aconteceu no privado, por ser uma urgência... (certamente que se fosse lá no dia marcado estaria lá uma equipa com experiência e a sala estaria preparada)...

Cada um deve seguir o seu instinto o melhor que conseguir...
O corpo está preparado para se preparar... Cabe-nos a nós ouvi-lo...

Ouvir o nosso médico (ou médicos) e confiar...
Não ficar com dúvidas, ou tentar esclarece-las o mais possível...
Tentar manter a mente aberta... 

Sem fundamentalismos, defendo o parto natural, quando este for possível... O corpo sabe o que fazer e quando fazer...

Defendo a amamentação enquanto o bebé quiser, se a mãe assim quiser e se sentir confortável (mas isto já é outro assunto, ainda que relacionado)...

MC e JP


Bom fim de semana!

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